querido diário

Não sei como, mas aconteceu.
Já faz meses que não me permito voltar aqui com foco, com emoções, etc.
Meu livro também está parado desde o começo do ano.

Eu fico frustrada por não conseguir dividir mais, registrar minhas memórias enquanto elas ainda são presentes.

Também não vi o verão passar. Esperei tanto por ele que o vi partir da mesma janela que me manteve aqui desde 2020.
Trabalhei demais, trabalhar para um país com fuso horário diferente, com a economia indo de mal a pior e precisando viver de conversão, não me permitem o luxo de respirar.
No fim, fico orgulhosa de mim mesma…

Mas continuo frustrada.
Não queria usar esse espaço para compartilhar um vídeo de outra plataforma.
Queria contar os detalhes, as descobertas, as alegrias, as dificuldades.

É, querido diário, eu sei como as coisas chegaram a esse ponto.
Tudo é pra ontem, ne?
A gente está conectado, mas em excesso.
A gente se cobra fazer tudo ao mesmo tempo.
A gente não se permite desacelerar.
É trabalho, é livro, leitura, Netflix, video call com os amigos e família, é diversão, obrigações, lavar, passar, limpar, cozinhar, organizar o mercado, dormir, malhar, criar-filmar-editar videos para o Youtube, editar as fotos pro Instagram, mostrar nos Stories quanta coisa a gente faz por dia, aprender novas músicas no Ukulele, ter vida social, ter vida online…

Não sei quando exigiram tanto da gente e não sei quando a gente aceitou essa loucura.

Enfim.

Eu fui para Albânia, voltei.
Voltei pra Albânia, viajei por lá.
Descobri lá.
Me conectei com outras caras, amei, bebi, dancei, trabalhei.
Encontrei e reencontrei pessoas.
Fui pra Montenegro, me despedi do sol dentro de uma sala de Conferência onde tudo que escutei foram pessoas esfregando na cara os seus privilégios por terem nascido na Europa e terem conta bancária infinita – e assim contando como é possivel viver e realizar sonhos – cruzei países, me estressei, enfrentei perrengues, e no fim continuo aqui.

2 semanas de chuva e, infelizmente, o tempo virou.
O outono anuncia que o inverno vem aí.

E eu sigo aqui, escrevendo para mim mesmo, para que eu me cobre menos, mas que não deixe de fazer o que meu coração manda.

Eu vou voltar aqui.
Mas quando o coração tiver calmo e as coisas fluídas.

Obrigada, diário, por me deixar preencher essa página em branco com meu desabafo.

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